Freqüentemente, tinha-se a impressão de que um conhecimento da verdadeira atitude a ser adotada já havia sido estabelecido. Porém, no instante posterior, outro filósofo rebatia essa postulação, argumentando que um entendimento geral de tudo não seria possível e que somente uma compreensão parcial poderia ser obtida. Por causa dessas idas e vindas, o papel do filósofo na sociedade variou bastante. Ora ele vestia a toga de juiz imparcial e neutro que, de posse de uma razão absoluta, poderia determinar o princípio pelo qual todos deveriam se orientar. Ora afastava-se do convívio dos outros, uma vez que em nada poderia influir para solução dos conflitos argumentativos, sendo obrigado a suspender seu juízo sobre o mundo.
A
falta de uma função específica para a filosofia, devido ao fato dela
procurar discutir todos os temas relativos ao entendimento humano,
tornou-a uma disciplina de difícil aceitação quanto a sua participação
social. Eventualmente, a finalidade da filosofia é algo que apenas os
filósofos poderiam opinar. Entretanto, dadas as exigências de
justificação de todos os princípios, a solução filosófica para definir a
melhor concepção de filosofia está paradoxalmente enredada numa
explicação circular que os próprios filósofos rejeitam. Talvez a única
alternativa para a quebra desse círculo seja deixar para a própria
sociedade a definição do papel a ser exercido pelos filósofos.
A principal característica é a de que ele não é um especialista. O sophós, o sábio, é um conhecedor de todas as coisas sem possuir uma ciência específica. O seu olhar derrama-se pelo mundo, sua curiosidade insaciável o faz investigar tanto os mistérios do cosmo e da physis, a natureza, como as que dizem respeito ao homem e à sociedade. No fundo, o filósofo é um desvelador, alguém que afasta o véu daquilo que está a encobrir os nossos olhos e procura mostrar os objetos na sua forma e posição original, agindo como alguém que encontra uma estátua jogada no fundo do mar coberta de musgo e algas, e gradativamente, afastando-as uma a uma, vem a revelar-nos a sua bela forma e esplendor.
(Thaliuly Ferreira)
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